Resenha: Enslaved – RIITIIR





   O Enslaved é uma banda de Black Metal/Viking Metal, formada na cidade de Haugesund, Noruega, em 1991, pelo tecladista e guitarrista Ivar Bjornson Peersen e pelo baixista Grutle Kjellson. Um fato que chamou a atenção, na época, é que os dois tinham 13 e 17 anos, respectivamente.

   Por começarem dentro da cena Black Metal Norueguesa, ao lado de Darkthrone, Burzum, Mayhem, Immortal e outros grandes e notórios nomes, é nítida a influência do black metal norueguês em seus primeiros trabalhos. Porém, o Enslaved tinha um diferencial, que era a temática viking e a parte lírica voltada à mitologia nórdica e toda aquela cultura, tudo feito de uma forma perfeita, provavelmente herança do Bathory, em seu álbum Hammerheart. 

 Por esses elementos, considera-se que o Enslaved é um dos pais do Viking Metal, mesmo seu som se aproximando mais do caos encontrado no black metal da época. É fato que, paralelamente, o Falkenbach, banda alemã, também já vinha traçando as diretrizes do Folk/Viking Metal, mas ainda sem muita consistência, sem contar o fato de que este lançou seu debut em 1996, anos mais tarde que o Enslaved. Outro fato de extrema importância é justamente que o Enslaved vem da Noruega, e quem melhor para ser o precursor do Viking Metal, do que uma banda escandinava?

   É de extrema importância lembrar que a banda mudou bastante seu som, ao longo da carreira, adicionando cada vez mais elementos progressivos, e chegando até mesmo a ter seu som comparado ao Pink Floyd.

   Partimos então para o resenha do último trabalho, RIITIIR.
   Começando com “Thoughts Like Hammers”, a qual possue uma curta introdução com um clima caótico, e logo avança para uma calmaria instrumental bem cadenciada, acompanhada de vocais gulturais, e, quando menos esperamos, nos deparamos com um refrão cativante aos vocais limpos de Herbrand Larsen. A faixa ainda tem belos momentos até seu final, e, facilmente, o ouvinte terá vontade de repetir a audição.  Em “Death In The Eyes Of Dawn”, já começamos com um instrumental melódico que, mais tarde, se tranforma em um pré-refrão bem tenso, nada agressivo, mas de uma maneira que causa ansiedade no ouvinte até......, sim, aqui estão os refrãozinhos de vocal limpo  novamente, uma característica envolvente que já virou marca da banda nos últimos trabalhos. 

  Seguindo com “Veilburner” que, apesar de não ser tão melódica, a banda prefere utilizar o vocal limpo em 80% da música. Esse clima dark, perceptível nas 3 primeiras faixas, acompanha todo o álbum, junto com os refrãos melódicos, e a ambientação dos teclados fazem diferença durante toda obra.

   Para fechar a primeira metade do álbum, ainda temos “Roots Of The Mountain”, que, até pouco menos de 1 minuto, mostra um Enslaved dos primeiros álbuns, agressivo, sem frescuras, totalmente porrada. Mas esse clima não dura nem um minuto inteiro e, novamente, a banda apela as características encontradas anteriormente. 

   Logo depois temos a faixa título “RIITIIR”, que demonstra-se mais progressiva do que as demais e não apela tanto aos trechos pegajosos, mas lembre-se, eu falei “tanto”, ou seja, você vai encontrar os clichês da banda uma hora ou outra. Seguindo com “Materal”, faixa mais monótoma do álbum, é interessante notar que novamente conseguimos ouvir a influência de Pink Floyd, durante o solo de guitarra, característica que está mais acentuada no álbum Vertebrae de 2008.

   Seguimos com “Storm Of The Memories” e, o que encontramos é o uso acentuado de sintetizadores aliados a um instrumental progressivo e algumas vezes bem agressivo, nada de novo, exceto o uso exagerado de sintetizadores. Para encerrar o álbum, temos “Forsaken”, uma das faixas mais sombrias do álbum, principalmente depois dos sete minutos, onde só o que se consegue sentir ouvindo é uma melancolia desgraçada. Reconheço que não á a faixa perfeita para se escutar em qualquer ocasião, pois a faixa pode soar chata, monótoma, ou, até mesmo, tão profunda que fará o ouvinte cair em lágrimas.

   É fato que desde o Isa(2004), e, principalmente a partir do Vertebrae(2008), o Enslaved está muito mais uma banda de Metal Extremo Progressivo, do que uma banda de Viking Metal. A banda agrega cada vez mais elementos externos ao metal em seu som. Não se sabe se foram os 2 grammys noruegueses que a banda conseguiu com a nova fórmula, que alimentaram mais Ivar e Grutle para, cada vez mais, afastar a banda da sonoridade encontrada na primeira metade da discografia, o que se sabe é que em meio a várias críticas negativas vindo dos mais puristas, a banda tem, a cada álbum, alcançado mais musicalidade.

   O que se pode perceber, de negativo, no último trabalho, é que, ao mesmo tempo em que os refrãos de vocal limpo de Herbrand Larsen cativam o ouvinte, principalmente nas 4 primeiras faixas, a partir de um momento começa a se perceber um certo deja-vú, nota-se que o exagero do uso do vocal limpo foi um elemento inserido forçadamente.  Seja forçado ou não, o fato é que funciona muito bem, hipnotizando o ouvinte e fazendo-o ouvir uma mesma faixa cerca de 7 vezes seguidas (sim, eu fiz isso, e foi na primeira audição). Esse pequeno problema não tira o mérito de um trabalho que carece de pecados. E, por isso, não posso deixar de dar uma alta nota a esse álbum. Se o fã viking, ou até mesmo black metaller, da banda, quiser continuar curtindo-a atualmente, terá que se adaptar a nova fórmula proposta pelo Enslaved, a do experimentalismo no metal extremo.



Informações técnicas

Tracklist:
1.           Thoughts Like Hammers
2.           Death In The Eyes Of Dawn
3.           Veilburner
4.           Roots Of The Mountan
5.           RIITIIR
6.           Materal
7.           Storm Of The Memories
8.           Forsaken

Membros:
Ivar Bjørnson                    Guitarra, Vocais, Efeitos, Sintetizadores
Arve Isdal                         Guitarra
Herbrand Larsen               Vocais, órgãos, teclados
Grutle Kjellson                 Baixo, vocais, efeitos
Cato Bekkevold                Bateria

Data de Lançamento: 28 de setembro de 2012

Avaliação: 9,3
Prós:


  •    Ótima execução instrumental
  •    Ambientação de teclados e órgãos criam todo um clima sombrio e melancólico ao longo do álbum
  •    Refrãos hipnotizantes
Contras:
  •    Não é um álbum para ser degustado de uma vez só, pois causa cansaço depois da metade.

      Por: Eduardo Santos

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